08 março 2013

IRONIA DO DESTINO - CAPÍTULO 24

Boa noite pervinhas! Nosso Edward não está nada bem... Infelizmente não mesmo.. Será que hoje será um melhor dia para ele? Ótima leitura!!

Autora: Ana Paula 
Classificação: Maiores de 18 anos
Categoria: Saga Crepúsculo
Personagens: Bella Swan, Edward Cullen, Emmett Cullen, Rosalie....
Gêneros: Comédia, Lime, Romance, Universo Alternativo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo 

Capítulo 24 - POR QUE VIVER SEM VOCÊ... NÃO FAZ SENTIDO 
POV EDWARD

O tempo é o pior dos carrascos quando você se sente atormentado pela solidão... quando o sofrimento te oprime o peito e parece que tudo perdeu o sentido, a razão... quando o prazer já nada mais é do que uma vaga lembrança... quando as pessoas a sua volta não tem mais rosto pois seus olhos insistem em ver aquela que não sai da sua mente... quando sua mente insana se recusa a pensar em outra coisa a não ser na razão do seu sofrimento... quando sua boca age por si só e chama por uma única pessoa dia e noite... quando você quer que ele corra pra quem sabe um dia a razão do seu sofrimento enfim voltar pro seus braços...

Mas ele é cruel e, quanto mais você anseia por sua rapidez, mais devagar ele prossegue. 

Se arrasta. 

Os ponteiros do relógio parecem estar congelados depois que Bella se foi da minha vida, pois ela levou consigo o sentido de viver, a razão para eu estar vivo. 

Logo depois que li sua carta, liguei feito um louco pro seu telefone celular, mas ela não me atendeu. 

Desesperado, fui até o aeroporto... mas lá não a encontrei. 

Corri até seu antigo apartamento, mas só encontrei o vazio e uma Ângela sarcástica que me recebeu com desprezo em seus olhos. 

- O que quer por aqui, Cullen? – ela disse da porta de seu apartamento onde eu havia batido inúmeras vezes, minha respiração ofegante, minha garganta apertada pelo choro reprimido, meus olhos estavam ardendo pelas lágrimas que eu tentava segurar. – Não tem mais nenhuma moça jovem e pura pra você desgraçar a vida. 

- Ângela. – disse ofegante ignorando seu comentário hostil. – Onde ela está? Pelo amor de tudo o que lhe é mais sagrado, me diga onde ela está! 

- Fora do seu alcance, Cullen. – ela disse e fez uma careta de sofrimento enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas brilhantes. – Agora você não pode mais mentir a ela, não pode mais. Ela voltou pra Inglaterra, pro lado do pai, mas mesmo que ela não tenha mais você em sua vida pra lhe fazer sofrer... ela vai continuar sofrendo. E sabe por que, seu desgraçado? – ela perguntou quase gritando. – Por que ela te ama, infeliz! Só você, seu desgraçado de merda, é que não viu o tesouro que tinha em suas mãos! Você acabou com a vida de uma menina doce, meiga, carinhosa e amiga... transformou a vida dela, Cullen, só lhe deu coisas ruins ao passo que ela só te deu tudo de bom que havia nela. 

- Ângela, eu... – tentei dizer com voz tremula, mas ela levantou uma de suas mãos me calando. 

- Não existe nada que você possa dizer que vá mudar a burrada que fez. Então... vá embora. E esqueça Bella. Pare de querer fazê-la sofrer, pare de querer sempre e sempre machucá-la. Pelo amor que ela sente por você... procure esquecê-la. E Cullen... – ela disse analisando atentamente meu rosto. – Espero que você queime no fogo do inferno. – e bateu a porta na minha cara. 

E eu queimei. 

Queimei e queimei, ardi em meu desespero e sofrimento nesses meses longe de minha amada Bella. 

Ainda tentei em vão ligar a seu pai pra que ele me permitisse falar com ela. Mas ele, como bom pai que era, xingou-me de todos os nomes possíveis e me proibiu de ir atrás de sua filha por que, de outra maneira, eu teria virado a Inglaterra do avesso pra encontrá-la. 

- Desgraçado de uma figa. – ele começou do outro lado da linha. Se estivéssemos frente a frente, com toda certeza que eu seria estrangulado agora. – Me prometeu cuidar de minha Bella. E não cumpriu. O que voltou pros meus braços... não é nem a sombra da doce menina cheia de sonhos que mandei pro seu país. O seu maior azar foi ter cruzado com o caminho de um ser esnobe e egoísta que não soube dar valor ao que ela sentia. 

- Sr. Swan... – tentei, mas ele me interrompeu. 

- Não a procure mais, seu desgraçado! Melhor que ela sofra até te esquecer do que ela sofrer dia após dia ao lado de uma pessoa que não lhe dá o merecido valor. Só não te deixo na miséria, seu inútil, por que ela me proibiu de fazer qualquer coisa que te atinja. Somente por isso você continua com essa maldita empresa. Ela não quer te ver e se você aparecer por aqui... vou me esquecer que sou um homem respeitador das leis e vou matá-lo com minhas próprias mãos. 

Mas... pode-se matar aquilo que já está morto? 

Só meu corpo continuava a viver, meu coração continuava a bater, meus pulmões a inflar e desinflar, meu cérebro continuava a mandar ondas elétricas a meus músculos para que eu fizesse as atividades diárias. 

Mas a minha alma... estava vazia. 

Descobri a cachorrada que meu pai havia feito, mas não consegui sentir raiva dele. Eu era o culpado na história, aceitei usar a criatura mais perfeita do mundo em troca de miseras ações. E fui o cafajeste, eu fui o cínico, eu fui o bandido... eu fui o carrasco do amor da minha vida. 

E agora eu merecia o sofrimento eterno. 

Meu pai não foi muito longe. Dois dias depois recebi a notícia de que fora assaltado quando tentava embarcar para o Brasil e morrera ao se recusar a entregar a mala onde estava todo o dinheiro roubado, ganhando assim um tiro no peito, direto no coração. 

Não chorei em seu funeral. Minhas lágrimas haviam secado pra qualquer outra emoção que não fosse o sofrimento de não ter ao meu lado o anjo que um dia foi meu. 

E que eu não soube dar valor. 

Agora ali estava eu, a empresa, a tão sonhada empresa em minhas mãos, inteiramente minha, totalmente sob meu controle. 

Mas o que eu mais queria ter... já não era mais meu. 

Agora tudo que um dia eu julguei ser o meu tudo... era meu nada. Por que o meu verdadeiro tudo havia me deixado pra nunca mais voltar. 

Nunca mais. 

Será, Deus? Será que eu estava predestinado a vagar pelo resto de meus dias sofrendo, chorando e querendo aquilo que um dia tive e que meus ciúmes, minha burrice, meu egoísmo deixaram esvair-se por entre meus dedos? 

O dia era totalmente preenchido pela empresa. Acordava bem cedo e não tomava café, saía diretamente pra empresa. Chegando lá Jéssica apenas me olhava de sua mesa que um dia foi da melhor das mulheres, nada me dizia, pois sabia que suas inúteis tentativas de me seduzir seriam em vão. Pois só uma mulher me era desejável no mundo. E se eu não pudesse tê-la... não queria mais nenhuma outra. 

O dia se arrastava, mesmo que eu fizesse mil e uma coisas durante ele, invariavelmente se arrastava. Tudo que eu fazia me trazia sua lembrança. Simplesmente tudo. 

Até mesmo uma simples assinatura minha me fazia lembrá-la... por que antes eu sempre pedia sua opinião em tudo que fazia. 

Mas agora... ela não estava mais ali. E eu tinha que aceitar isso. 

E doía tanto a sua ausência. 

Por mais que o dia fosse doloroso e parecesse ser eterno, nada, nada superava a tristeza da noite. Era quando eu voltava pra casa, a casa que ela me deixara antes de partir. 

Em cada canto daquela casa, onde fui feliz e não soube o quanto, tinha uma parte de Bella. E eu sofria, sofria e sofria ao relembrá-la em cada passo que por ali eu dava. 

Onde quer que eu estivesse a sua lembrança me seguia me fazendo sempre lembrar do desgraçado que fui. 

A traí e menti, ela descobriu e me perdoou mesmo eu não pedindo o seu perdão. E o que eu fiz? Na primeira oportunidade a acuso de me trair e a expulso de minha vida como uma qualquer. 

Mesmo que aquele filho não fosse meu... eu tinha que tê-la compreendido e a perdoado assim como ela fez comigo. Por que ela me amou sem reservas, sem medidas, me dispensou tudo de mais valioso que havia em si. 

E eu a perdi por minha infeliz intolerância. 

Olhei pros documentos que havia em minhas mãos que me diziam com todas as letras e números que a empresa nunca esteve tão bem, que os lucros corriam deixando-me mais rico do que jamais fui. 

Mas por que isso não me fazia sorrir? Por que isso não me fazia feliz? 

Simples. 

Por que a razão do meu sorriso estava a quilômetros de distância, se escondendo de mim do outro lado do oceano. Eu só voltaria a ser feliz se um dia meus olhos a vissem novamente, se minhas mãos voltassem a afagar seus macios e perfumados cabelos, se meus lábios voltassem a provar da doçura dos dela, se meus braços voltassem a enlaçar seu delicado e sedutor corpo. 

E mais do que tudo, se um dia eu voltasse a ouvir a sua linda e sublime voz dizendo amar-me. 

Mas isso nunca voltaria a acontecer. Bella não voltaria pros Estados Unidos e eu respeitaria sua vontade não indo para a Inglaterra. 

Um oceano nos separava... mas minha mente não se desligava do que eu sentia por aquela intensa mulher que entrou em minha vida de uma maneira tão singela e roubou meu coração de maneira tão simples. 

Que iluminou minha vida. 

Que me mudou inteiramente. 

E agora que ela se tinha ido... só restou as trevas... e a sufocante solidão. 

- Edward... – uma voz suave me chamou da porta e eu levantei meus olhos pra encontrar minha irmã em pé, seus olhos também verdes me sondando enquanto ela me falava. – Edward... posso entrar? 

- Claro. – disse sem alegria colocando os papéis a mesa que um dia foi de meu pai. Eu era o novo presidente da Propag e colocara Emmett em meu antigo cargo. Era um excelente amigo e um cara de confiança, perfeito pra ser meu braço direito. – Sente-se, Alice. – ofereci uma cadeira a minha frente. 

Alice atravessou o escritório e sentou-se, seus olhos vermelhos denunciavam que ela andara chorando. 

- Quanto tempo faz que você não dorme, meu irmão? – perguntou baixinho se debruçando na mesa apoiada pelos cotovelos, seus olhos tristes analisando cada traço apático de meu rosto. 

- Dormir... descansar... isso tornou-se impossível depois que ela se foi, Alice. – disse enquanto brincava distraidamente com um lápis. Minha voz estava fria, vazia e distante assim como minha vontade de viver, de ter que prosseguir sem ela. 

- Edward... você tem que retomar a vida. Já se fazem mais de oito meses que ela se foi. E ao que tudo indica, não vai mais voltar. Dói-me muito ter perdido minha melhor amiga, mas me dói ainda mais ver meu melhor amigo morrer um pouco a cada dia, seus olhos... tão distantes... – ela disse entre lágrimas agora. 

- Meus olhos ainda estão aqui. Só que ela levou o brilho do meu olhar assim como minha alegria, meu contentamento, minhas emoções... ela levou consigo minha vida pois minha vida... sempre foi ela. Não consigo dormir, comer... nem vejo e muito menos sinto o gosto daquilo que como. Todo meu prazer ela também levou. Não me peça pra retomar minha vida, pois isso só seria possível se ela voltasse pra mim. E isso eu sei que não vai acontecer. Por mais que me doa admitir... eu sei que ela se foi pra sempre. – uma lágrima silenciosa desceu por meu rosto e eu não procurei enxugá-la. – Não bebo nem uso qualquer outro tipo de droga por que eu sei que tenho que ficar lúcido, tenho que sentir cada pontada dessa dor que me rasga o peito pra pagar todo o mal que fiz a ela. Não ligue pra mim, procure não perceber o quanto sofro... por que se sofro, é por que mereço isso e muito pior por que fiz a mais bela e singela das criaturas sofrer... tirei lágrimas dos olhos de um anjo... meu castigo é querê-lo todos os dias e saber que, se não o tenho, é por minha culpa, já que a mandei embora da minha vida. 

- Edward... – Alice soluçou vindo ao meu lado me abraçar, seus lábios agora acariciando a pele de meu rosto enquanto as lagrimas desciam livremente de meus olhos. 

- Eu sou o ser mais idiota que já andou sobre essa terra, Alice. Joguei minha felicidade pela janela só pra depois perceber que minha vida não faz o mínimo sentido sem ela. Agora é tarde. A mim só resta pagar pelo que fiz e pedir, implorar a Deus pra que ela tenha encontrado seu caminho... e que seja feliz agora que não estou por perto pra fazê-la sofrer. 

Chorei por algum tempo agarrado ao corpo de Alice que me acarinhava feito uma criança indefesa. Mas o que fazer se todas as minhas defesas ruíram quando Bella desapareceu de minha vida?Sem que eu soubesse, Bella se tornou minha própria identidade. 

Ela não era minha metade... ela era meu eu completo. E agora que ela não mais estava comigo, por mais que eu tentasse, por mais que eu quisesse... não podia existir. Apenas vegetar. Apenas respirar. 

E sofrer. 

Alice ainda ficou um tempo por ali me animando ou, na verdade, tentando me animar. Mas ela como nenhuma outra sabia que eu passava pelo que merecera passar. Fui um tolo ao pensar que podia viver sem Bella. 

E depois fiquei sozinho. Alice saiu e eu fiquei olhando para a parede do escritório sem, no entanto, me ater a esse fato. Minha mente estava divagando, meu pensamento voando até a mulher dos meus sonhos. 

O que eu não daria para voltar no passado e fazer tudo diferente. 

Mas infelizmente o que passou, passou. Nada podia ser mudado. 

Tinha que esperar. Não podia simplesmente ir atrás de Bella sendo tudo tão recente ainda. Mesmo que pra mim esses oito meses tenham se arrastado parecendo assim uma verdadeira eternidade... eram somente oito meses. 

Bella devia ainda estar muito magoada comigo. Eu devia deixar o tempo passar... pra depois procurá-la. Aí então ela veria que eu, apesar do tempo, ainda a amava. 

E a amava intensamente. Mais do que tudo. Apesar de tudo. Acima de tudo. 

Olhei em meu relógio de pulso. Cinco da tarde. Não tinha mais cabeça pro trabalho, estava farto de tudo aquilo. Precisava sair, arejar a cabeça, espairecer... e passar naquele mesmo lugar onde eu sempre ia pra relembrar o começo de tudo. 

Sem me ater a ninguém que passava por mim pelos corredores, desci pelo elevador e peguei meu Volvo prateado, saindo da garagem e pegando a Avenida movimentada. Dirigia automaticamente, meus olhos procuravam não olhar para o banco do passageiro onde meses atrás ela se sentou pela ultima vez, desmaiada, enquanto eu voava até o hospital mais próximo. Naquele mesmo dia, mais tarde, eu estava chorando em pleno desespero ao perceber que a razão do meu coração pulsar havia partido pra nunca mais voltar. E eu não gostava de lembrar tudo isso. 

Por que essa lembrança me magoava intensamente. 

Por que foi o inicio do fim de tudo. 

Dirigi apaticamente até chegar ao bairro modesto que eu tanto visitara nesses oito meses. O bairro pra onde Bella se mudara ao chegar a Nova York. Estacionei do outro lado da rua e desliguei o carro enquanto fixava meus olhos na entrada do edifício que Bella deixara de ocupar quando nos casamos. 

Quando ela disse sim ao padre com os lindos olhos cheios de lagrimas. Quando o idiota aqui percebeu que estava terrivelmente apaixonado pela mal vestida melhor amiga. E mesmo assim continuou a fazer burrada, continuou a mentir, continuou a ser um completo imbecil... perdendo então o grande amor de sua vida. 

Uma lágrima desceu silenciosa por meu rosto enquanto as lembranças vinham com tudo e faziam meu peito se apertar sob uma sessão de dor e tortura. Não que eu fosse masoquista, não que eu gostasse de sofrer, mas eu sabia que merecia sofrer mais e mais a cada dia... por que eu sabia que nem todo o sofrimento do mundo me era o suficiente depois de tudo de errado e cruel que fiz contra a mulher que tão somente me amou. 

Por que seu maior erro foi amar-me demais. 

Depois de uns vinte minutos ali perdido em lembranças de um passado feliz, levei minha mão a chave pra sair dali e voltar a minha casa onde ficaria por horas com uma foto de Bella em minha mão, meus olhos perdidos em sua perfeição, quando vi uma coisa que fez meu coração dar um tranco e quase parar de bater. 

Era ela. 

Saindo de cabeça baixa pela porta do prédio, a mulher mais linda do mundo caminhou até a calçada. 

E ela estava ainda mais linda do que eu me lembrava. 

Usava um vestido até os joelhos, a barriga arredondada e saliente perfeita em seu corpo que nada mudara, um leve casaco cobria-lhe a pele macia dos braços. De longe vi que ela mordia nervosamente o lábio inferior enquanto seus lindos olhos miravam o chão, um dedo entre suas mechas achocolatadas, enrolando-se nelas enquanto refletia. 

Eu estava em estado de choque. Devia ser isso que acontecia com pessoas que viam anjos... 

Minha boca estava entre aberta enquanto eu tentava reaprender a respirar, meus olhos arregalados ardiam, pois eu me recusava a piscar e perder qualquer detalhe do menor de seus movimentos. Ali estava a mulher que eu perdera... a mulher que por dias e dias eu chorara feito criança ansiando por apenas uma palavra sua... a mulher da minha vida. 

Antes que eu pudesse ter qualquer reação, um carro veio no mesmo sentido que o meu e parou na guia da calçada. Um carro estranhamente conhecido. Só despertei quando ela abriu a porta e entrou nele, seguindo pela rua. 

Rapidamente girei a chave do meu Volvo e os segui de longe. Não sabia com quem ela estava, o que fazia de volta a Nova York, pra onde ia... só queria vê-la mais uma vez, pelo máximo de tempo possível. 

Daria qualquer coisa pra tocá-la. Mas me contentava em apenas observá-la de longe. Pelo menos meus olhos se saciariam de contemplar toda a sua formosura. As lagrimas eram inevitáveis agora que eu percebia de quem era aquele carro que eu sabia que conhecia de algum lugar. 

Jacob Black. 

Tanto tentei que enfim consegui perder a mulher de minha vida praquele homem que soube dar a ela o que eu nunca aprendi a fazer. Um amor sem reservas. Por que, acima de tudo, ela dizia que Jacob era seu melhor amigo. 

Eu daria tudo pra ser o melhor amigo dela. Mas nesse pouco tempo que passei ao seu lado, Bella e eu fomos apenas amantes. A amizade que antes existia ruiu junto com as pesadas mentiras, a confiança se esvaiu... e só ficou a mágoa, a solidão. 

Mas... mesmo que Bella estivesse agora com Jacob... eu não me importava. Só queria vê-la mais um pouco, gravar e regravar cada pequeno e adorado detalhe de si em minha insana mente que tanto a adorava. 

Os segui por alguns minutos até que chegamos ao Central Park. Um aperto no peito por me lembrar que fora ali que eu me sentara e chorara por uma tarde inteira enquanto Bella se esvaia em lagrimas por minha burrice e egoísmo, escrevia uma carta triste, com o coração aos pedaços e partia de minha vida, deixando um vazio impreenchível. 

Céus... como fui tolo! Tinha a maior das riquezas em minhas mãos e fiquei atado a detalhes insignificantes de meu machismo orgulhoso, de minha falta de compreensão. E agora eu o via parar o carro e abrir a porta, descer do carro e dar a volta pra abrir a porta do lado de Bella. 

Sua beleza era algo quase sufocante. Vi seu corpo esguio sair de dentro do carro, aquela linda barriga de gestante só servia pra lhe dar uma nova luz ao rosto, deixando-a ainda mais perfeita. Parei o carro na calçada um pouco afastado e observei seus movimentos fluírem com indescritível perfeição enquanto ela saía do carro, o vento acariciando seus lindos cabelos fazendo-os dançar no ar. 

Jacob pegou delicadamente seu braço e passou o próprio braço por sobre seus ombros, puxando-a pra perto de si. Eu era mesmo o desgraçado de um masoquista por ficar ali vendo a mulher a qual eu amava ser abraçada por outro homem... mas se fosse esse o preço a pagar por vê-la... eu estava decidido a pagar isso e muito mais. 

Por que meus olhos não conseguiam se desviar de sua perfeição. 

Sem mais me conter, desci do carro e cautelosamente os segui. Se eu tivesse sorte, poderia chagar perto o suficiente sem que eles percebessem e então, quem sabe, poderia ouvir novamente sua suave e perfeita voz. 

Eles caminhavam lentamente pelo parque naquele iluminado fim de tarde, o braço de Jacob enlaçando-a pelos ombros enquanto seu delicado braço o puxava pra perto de si enlaçando-o pela cintura. 

Daria tudo pra ser eu no lugar dele. Mas a culpa era totalmente minha se não o era. 

Conversavam em voz baixa e não conseguia ouvir nada do que diziam por que as pessoas que por ali caminhavam passavam conversando por mim, o vento se aliando a isso pra impedir que a mais sublime das melodias chegasse a mim. 

Apenas uma palavra... era apenas disso que eu precisava nesse momento. 

Em um dado momento, chegaram a um banco vazio, vi Jacob dizer alguma coisa a ela que assentiu e sentou-se de costas pra onde eu estava, ele saindo andando, certamente indo buscar alguma coisa. 

Quando a compreensão me veio, atingiu-me como um soco no estomago. Ela estava ali, a poucos passos de mim, sozinha. A mulher da minha vida... apenas uma palavra... apenas uma palavra e a deixaria em paz... eu só precisava de uma palavra sua... 

Meus pés pareciam pesar mil e duzentos quilos enquanto eu tentava me aproximar da figura perfeita que estava de costas pra mim, seus cabelos voando com o vento. 

Nem que eu vivesse pela eternidade, jamais encontraria beleza maior. 

Meu coração galopava ao passo que eu ia me aproximando dela que nada percebia de minha presença. Mordi meu lábio inferior e parei a dois passos dela, minha coragem falhando. 

Queria lhe falar... mas e se aí então eu despertasse e assim percebesse que tudo não passou de um lindo sonho? 

Mas ficar ali calado... ser covarde mais uma vez... não tentar... não, eu não saberia viver com isso a me oprimir o peito. 

- Bella... minha Bella... – as palavras saíram sem que eu as pudesse controlar, minha voz trêmula foi pouco mais do que um sussurro... mas ela pareceu ouvir-me. 

Vi seus ombros se estreitarem quando seu corpo todo se encolheu como se minhas palavras a tivessem atingido com um golpe físico. Ela calmamente se levantou ainda de costas pra mim, as mãos fechadas em punhos ao lado de seu corpo. 

- Bella... – saboreei o mais lindo dos nomes, a mais bela das melodias na ponta de minha língua enquanto falava seu nome pausadamente. 

Vi suas mãos se apertarem com mais força e seu corpo finalmente começar a virar-se, lentamente, me torturando, me fazendo ansiar por ver seu lindo rosto mais uma vez. 

Adiantei-me um passo e então a distancia entre nós se resumia ao banco no qual ela estava sentada, seu rosto enfim encarando o meu, seus olhos achocolatados que eu tanto aprendera a amar me olhando, me sondando arregalados enquanto seu rosto pálido se contorcia em uma careta de dor, de tristeza. 

- Ed... ward. – ela sussurrou bem baixinho, pouco mais do que uma simples brisa. 

Oito meses... um muro de confusões e desconfiança... sofrimento, tristezas, solidão... 

Mas o amor que sempre houve entre nós ainda estava ali, palpável, escrito tanto em meus olhos quanto nos dela... ainda não havia acabado... ainda havia esperança... 

Eu sei que minutos antes eu disse que apenas uma palavra me bastava... mas essa palavra dita por aqueles lábios me fizeram perceber que eu não me contentaria com tão pouco. 

Que eu não queria uma gota de mel se eu podia querer o favo todo. 

Por que viver só faria sentido se eu pudesse viver com ela. 

E eu não desistiria de minha vida tão fácil assim.

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