05 agosto 2012

BELLA PROBLEMA X EDWARD SOLUÇÃO - CAPÍTULO 44

Boa noite pervinhas!!! Pelo jeito essa história de racha ainda vai render... Mas disso tudo nasce uma Bella mais madura. O que Edward pensará disso? Aproveitem pervinhas, estamos chegando a nossa reta final! Ótima leitura!!
Autora: Lunah 
Classificação: Maiores de 16 anos
Categoria: Saga Crepúsculo
Personagens: Bella Swan, Edward Cullen, Ement Cullen, Rosalie....
Gêneros: Comédia, Lime, Romance, Universo Alternativo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
Capítulo 44 - 4ª Fase: Capítulo 9 - Momentos Inevitáveis
Bella´s POV
Edward olhou pro relógio de pulso e falou, pegando sua camisa no chão:

– Droga! Estou atrasado, não posso perder a aula de hoje!
– Meu treino! – Alarmou Emmett, levantando-se num pulo.
Revirei os olhos. Por mais que eu quisesse explicações, sabia também que não poderia perder a aula.
– Tentem se lembrar do máximo que puderem e me mandem mensagens! – Saltei da cama e fui pegar minha mochila. – Preciso desesperadamente saber o que houve.
Não havia tempo para mais blá, blá, blá. Eram 8:00h.
– Esperem! – Interveio Marius ainda na cama, enquanto nos amontoávamos na saída do sótão. – Tenham um bom dia, meus amantes. HU!... OHOHOHOH!

OH, MINHA NOSSA! SERÁ POSSÍVEL?
Os rapazes e eu nos amedrontamos.
O tempo era curto, por isso, fomos voando até Dartmouth do jeito que estávamos, ou seja, roupas amassadas, cara de ressaca e cabelos coloridos. Pilotei minha Ducati e Edward deu uma carona ao irmão, em sua Suzuki.
Quando chegamos ao campus, andamos apressados em direção ao prédio central. Óbvio que nossa aparência chamou a atenção dos alunos que riam e apontavam como se fôssemos palhaços. Nem a minha cara brava foi capaz de conter a chacota. Não aguentei, afundei o rosto na mochila e corri envergonhada, querendo chegar à minha primeira aula.
Ao entrar na sala, continuei usando a mochila como escudo e me xinguei por não ter arranjado um chapéu para cobrir as madeixas roxas.
– Uma advertência para a Srta. Swan pelo atraso. – Informou o professor Tio Chico,  escrevendo algo no quadro.
– Merda! – murmurei, sentando-me na carteira.
Olhei à minha volta, procurando Vincent e nem sinal dele. Afinal, onde aquele playboy foi parar?
Fingi que estava prestando atenção na aula. Ao invés disso, forcei minha memória a funcionar.
Às 8:35h, meus olhos pesavam tanto que foi quase impossível mantê-los abertos. Então, o celular vibrou em cima do caderno.
Disfarçadamente, abri e li:
De: *Marius* :-)
Para: Draga uÓ
[Raxa, lembrei! Você dançou em cima de uma mesa e tirou a roupa.]
Meus olhos quase saltaram para fora do rosto. Um calafrio anormal percorreu meu corpo. Pus as mãos na cabeça, não querendo acreditar. Desesperada, enviei uma mensagem para Edward.
Para: Cabeçudo
De: Bella
[Dancei em cima de uma mesa e tirei a roupa?]
A resposta demorou menos tempo do que eu esperava.
Para: Bella
De: Duende Verde
[Não! Quem te disse isso?]
Mal terminei de ler, o telefone vibrou:
De: *Marius* :-)
Para: Draga uÓ
[HU!...OHOHOHOHOHO! Brincadeirinha!]
– Maldito! – Sibilei. Agora, era obrigada até a ler a risada ridícula da bicha barraqueira.
Uma coisa me ocorreu. Então, digitei:
Para: Cabeçudo
De: Bella
[Por que Duende Verde?]
30 segundos depois...
Para: Bella
De: Duende Verde
[É como a galera está me chamando. Você sabe, por causa do cabelo.]
(...)
O primeiro horário passou rápido. Talvez, por ter cochilado em alguns momentos. Segui para a aula de História da Música.
O telefone alertou e senti que eram más notícias:
Para: Samara Winizinha
De: Emmett
[Vidiuzin no saite! E É BOM!
www.odeiobellaswan.com
Ps. O que é PS?]
– PORRA! – levantei-me abruptamente.
Minha atitude chamou a atenção dos demais.
– Está tudo bem, Srta. Swan? – Indagou o professor de gravatinha borboleta.
Engoli seco, totalmente inquieta.
– Estou mal... do estômago! – Disse-lhe, enquanto disparava porta afora.
Como uma louca, corri pelo campus até a biblioteca, cheguei à entrada quase colocando os bofes para fora. Esperei alguns segundos ou ia ter um pirepáque. E foi aí que vi EDZINHU correndo em minha direção. Só não ri porque não conseguia. Teria ele recebido a mesma mensagem e tido a mesma idéia que eu?
Ao se aproximar, falou entre arfadas:
– Não... entre... em pânico!
– Tarde... demais! – Respondi, igualmente cansada.
Trocamos um breve olhar e depois, invadimos a biblioteca. As poucas pessoas lá, não se importaram com nossa presença. Fomos direto para a sessão de pesquisas onde ficavam os computadores. Edward sentou-se diante do primeiro computador que viu e, como a máquina já estava ligada, apenas digitou o endereço que o irmão anta dele nos fornecera. Não demorou para que a página abrisse.
Ao ver o conteúdo do website, meu queixo despencou. Até o Cullen ficou surpreso. Havia uma foto minha, toda descabelada fazendo careta e mostrando o dedo. Logo abaixo, em letras garrafais, o título: EU ODEIO BELLA SWAN.
O plano de fundo era preto e os tópicos, vermelhos. Nos cantos da página, anúncios sobre a candidatura do maldito porco à mascote oficial de Dartmouth. Minhas mãos tremeram, enquanto o ódio ameaça explodir.
– Calma! – Disse o cabeçudo, puxando-me para sentar em seu colo.
Não fui capaz de conter minha expressão de surpresa. Cerrei os lábios e me mantive calada enquanto ele mexia no site.
SE DEU BEM, HEIN?!
Gritei mentalmente.
FOCO, BELLA, FOCO!
Dei um tapa leve em minha testa e o Cullen fitou-me sem entender.
– Vídeos? – Perguntei, apontando para o tópico no monitor.
Será que EDZINHU queria brincar de cavalinho?
MERDA! FOCO, BELLA, FOCO!
Por que não conseguia me concentrar?
– Nossa! – EDZINHU sibilou pasmo.
– Nossa! – Repeti, vendo o mesmo que ele.
Havia uma sessão inteira com os vídeos mais toscos que eu podia imaginar. O mais recente era o mais acessado. O título em si já era suficientemente assustador: OS MELHORES MOMENTOS: SAMARA X CABEÇUDO:
O ROMANCE DO POÇO.
Olhei de um lado para outro e, como não tinha ninguém próximo, sussurrei:
– Aperta o play!
Edward obedeceu, ainda bestificado.
O que veio a seguir foi, no mínimo... bem... preciso inventar uma palavra nova pra isso. Uma espécie de videoclipe mal feito foi produzido. Misturavam-se cenas sem nexo de nós, um tanto embriagados, com um punk rock como trilha sonora. Quando achei que não podia piorar, apareceu em letras vermelhas:
CENA 01 – PARQUE DE DIVERSÕES
– CERVEJA! CERVEJA! CERVEJA! – Edward e eu batemos as canecas na mesa, enquanto Marius aproximava-se com as tais transbordando. Sua cara não era nada amigável.
A cena foi cortada abruptamente e um novo título surgiu na tela.
XXX
CENA 02 – BANHEIROS KI-MICOS
– DEIXA EU SAIR! AAAAAAAHHHHHH! AQUI FEDE! – Marius berrou, preso dentro do banheiro. Meu Cullen e o bisonhento seguravam a porta, gargalhando.
– MORRE, DESGRAÇA! MORRE! – Emmett esbravejou.
– VAMOS SOLTÁ-LO? – Edward perguntou ao irmão.
– TÁ LOUCO, CABEÇUDO? HÁ ESSA ALTURA, ELE JÁ SE SOCIALIZOU COM A MERDA!
A imagem estava trêmula. Fiquei chocada com o fato de parecer que eu mesma tinha gravado a atrocidade.
XXX
CENA 03 - DESAFIO
– Você não tem coragem! – Afirmou o cabeçudo, com o rosto rente ao meu. Porém, seus olhos pareciam estar fixados em meus lábios.
Estávamos em uma espécie de barraca adornada por perucas de várias cores e tamanhos. A câmera focalizou o rosto de uma mulher segurando duas latas de spray.
– Está me desafiando? – Fiquei na ponta do pé, disposta a enfrentá-lo.
– Sim!
– Ok! – Joguei as mãos pro alto. – Se eu pintar o cabelo, todos vocês pintarão também. – Pus as mãos na cintura, determinada.
 Isso de PINTAR é um luxo! Bonequinho, eu PINTO no seu e você PINTA no meu! Que acha? HU!...OHOHOHOHOH!
– Quando esse sem pregas vai calar a boca? Ele não tem botão de mute? Ô, cacete! – Praguejou o tosco-serial-killer-que-não-mata-nem-viado.
– Não vai ter coragem, Bella! Repito! – O Cullen aproximou o rosto ainda mais, parecendo que ia me beijar.
XXX
CENA 04 - CABELOS COLORIDOS
– Mãe, olha, palhaços! – Disse uma garotinha, estagnada diante de nós, que já estávamos de volta à mesa. Emmett, obviamente, filmava, pois estava fora de foco.
A garotinha, contente, se aproximou de Marius, enquanto Edward analisava um saco de papel como se fosse enfiá-lo na cabeça a qualquer momento.
– Faz uma palhaçada, moço! – Pediu a criança, puxando a manga da camisa da bichona, com aquela carinha.
– SAIA DAQUI, SUA MINI-MUNDIÇA! NÃO TÁ VENDO QUE NÃO SOU PALHAÇO? EU TE ODEIO, ORA...! – Gritou, espantando a pequenina, que saiu correndo. – PRA MIM, CHEGA! VOU VOLTAR PRA ITÁLIA! – levantou-se determinado. – Esse povo ralé não sabe valorizar uma pessoa piscante como eu!
– Vá! – Disse-lhe, soluçando em seguida. – Se afogue-se e vá! – Incentivei.
Edward me encarou como se eu tivesse falado a maior asneira do mundo.
Pareci ignorar.
– Vou contar uma piada! – Avisei gargalhando.
Ele encurtou a distância entre nós, jogando-se em cima da mesa e tapando minha boca.
– Tudo, menos suas piadas!
XXX
CENA 04 - CARABINA DE CHUMBINHO
– Está bêbado, não vai acertar nada! Me dá isso aqui! – Reclamei puxando a carabina das mãos do Cullen. Ele tentava se dar bem na barraquinha de tiro ao alvo.
– Larga mão, pirralha! – Puxou a arma de volta, chateado.
– É a minha vez, eu quero tentar!
– Não!
Disputamos a carabina em um puxa-e-repuxa. Então, para a surpresa de todos, ela disparou no momento em que apontávamos para um homem de costas.
Ele urrou, sendo atingido bem no meio da bunda. A câmera filmou nossa fuga imediata.
XXX
CENA 05 - A FUGA
A imagem tremia e quase nada se podia ver. Apenas borrões escuros e sem formas. Os grunhidos inteligíveis era o maior indício de que algo errado acontecia. Então, fez-se um horripilante silêncio, até que o rosto de Emmett ficou em foco, sendo a única coisa visível em meio à escuridão. Isso me fez lembrar uma cena clássica do filme A Bruxa de Blair.
– Não sei se sobreviveremos à essa noite. – Disse ele com a voz embargada. – Lamento muito pelas vidas de Edward, Bella e... .
– ME FILMA! – A face do viado surgiu na tela, mostrando mais de seu nariz do que gostaríamos de ver.
– Vai dirigir! – Uma mão que possivelmente era a minha, puxou a orelha do bisonho.
– Estou criando arte aqui, sabia? – Reclamou cambaleando.
XXX
CENA 06 - CELINE
– Near, far, wherever you are (Perto, longe, onde quer que você esteja)
I believe that the heart does go on (Creio que o coração continua...)
Podíamos ver claramente Emmett dirigindo seu Jipe, cantando aos berros. O pior é que estava acompanhado por um coro nada afinado feito por mim e EDZINHU. Marius é quem devia estar filmando tudo, do banco de passageiro.
– Once more, you open the door (Uma vez mais, você abre a porta)
And you're here in my heart (E você está aqui, no meu coração)
And my heart will go on and on… (E o meu coração continuará e continuará…)
Balançávamos as mãos de um lado para outro, emocionados com a canção.
– Adoro essa parte! – Confessou Edward.
XXX
CENA 07- QUEDA
– Porra, seu bisonho! Não dava para ter abastecido antes de irmos ao parque? –Reclamou meu Cullen, aborrecido, caminhando em uma pista escura e carregando, nas costas, o que parecia ser uma pessoa.
– AHAHAHAH! Não vejo problema nenhum em caminharmos um bocadinho até um posto de gasolina. Nem tou cansada. – Ui...a pessoa nas costas dele era eu.
– Estou com medo! Memetizinho, me carrega também! – Pediu o viado, mordendo o punho cerrado.
– Marius. – Respondeu ele, nos filmando.
– O que?
– Vai tomar no centro latejante do seu ...
O SOM FOI CORTADO E UM AVISO DESTACOU-SE NA TELA:
#CENSURADO!#
O aviso piscou por alguns segundos enquanto um close foi feito no rosto da bicha, que permanecia de olhos arregalados e boquiaberta, ouvindo os prováveis palavrões incomuns e cabeludos ditos por Emmett.
O som voltou e Marius parecia furioso, tremendo e lacrimejando.
– Apressa o passo! – Edward pediu a Emmett, antes que o pavão iniciasse o barraco. Ouvia-se claramente a respiração ofegante dos dois. A câmera sacudia para cima e para baixo, denunciando o desespero do cinegrafista.
– Mais rápido, EDZINHU! Upa, pangaré! – Ordenei, divertindo-me em suas costas.
 Pára de se mexer, eu estou... aiiiii! – Ele sumiu totalmente de foco. Quando reapareceu, ambos estávamos caídos no chão.
O replay da cena dele projetando-se para frente ao tropeçar em uma pedra e nossos rostos assustados, repetiu três vezes.
– PERFEITO! PERFEITO! MANO, FAZ ISSO DE NOVO! – Gritou o serial killer, chacoalhando a câmera como se estivesse pulando.
XXX
CENA 08 - O ARBUSTO
– O que estão fazendo aí? Hein? Hein? – Questionou o cinegrafista de araque, filmando um arbusto trêmulo.
– Amarrando o sapato! – A voz de Edward, que vinha do arbusto, pôde ser ouvida, alto e claro.
– O sapato dele geme! HU!...OHOHOHOHO! – Disse Marius, enfiando seu rosto com expressões maliciosas em frente à lente.
– Oh, Edward... mais... – Sim, a voz que vinha do arbusto era minha!
– Hummmm...ohhh... – Ele gemeu.
– Eita! É agora, é agora que eu me faço! É muita bimbada nessa vida, rapá! –Sussurrou Emmett, se aproximando, apressado, do local de onde vinham os gemidos. – Senhoras e senhores... – Continuou narrando aos murmúrios, – A natureza é bela, a gente é que fode ela!
No momento em que Emmett inclinou a câmera para filmar melhor...
– BOOOOOO! – Edward e eu o surpreendemos, saindo do arbusto.
– AAAAHHHHHHHH! – O idiota assustou-se, enquanto gargalhávamos, certamente, de sua expressão. – Isso não se faz, agora magoei! – Choramingou.
– Eu sempre curti um matinho... – A voz da bichona ecoou no silêncio da noite.
XXX
CENA 09 - ANIMAL NA PISTA
– Desiste, Bella, ninguém vai parar numa estrada escura para dar carona a quatro estranhos de cabelos coloridos. – Edzinhu sentou-se no chão, possivelmente exausto e eu permanecia próxima à estrada, com o polegar erguido.
O ronco do motor de um carro, passando em alta velocidade, foi ouvido.
– Você quem pensa, Caçador. Depende muito de quem está pedindo a carona. –Marius ajeitou o cabelo, indo para a pista. Parado no acostamento, abriu os botões da camisa verde-cheguei, exibindo o peito branco e magricela. Depois, colocou uma mão na cintura e ergueu a outra, fazendo sinal de carona.
A câmera focalizou um carro distante, os faróis iluminaram o rosto da bichona, que sorriu safada.
– EITA, VAI PARAR! – Alertou Emmett, besta.
– Copiem e aprendam, mundiça! – exclamou o pavão, satisfeito consigo mesmo.
O veículo chegou ainda mais perto, a janela do passageiro foi aberta e de lá, jogaram um resto de sanduíche na cara de Marius, gritando:
– É PROIBIDO ANIMAL NA ESTRADA, VIADO! – Pelo timbre de voz, era um adolescente, zombando.
O carro acelerou, deixando-nos perplexos e a bicha, petrificada, com o rosto sujo de alface, molho e resto de hambúrguer. Emmett fez um close na expressão lívida dele e, no momento em que ele abriu a boca para berrar, a imagem foi cortada.
XXX
CENA 09 – PEGANDO CARONA COM A MORTE
– Eu não vou desistir! – Falei muito doida, acenando para um Furgão que se aproximava.
– Se eu não consegui, essa Draga uÓ acha que pode! Francamente! – A bichona limpava o rosto com um lenço colorido.
Surpreendendo a todos, o Furgão parou à nossa frente.
– ISSO! – Pulei animada.
Nos alinhamos diante da porta lateral do Furgão. Então, pôde-se ouvir o som do aço enferrujado rangido, enquanto a porta era aberta.
– Entrem! – A morte falou.
– AAAAAAHHHHHHHH! – Gritamos, mas meu grito sobressaiu a todos os outros.
A imagem no vídeo ficou congelada no rosto esquelético coberto por um capuz preto ao lado da foice sombria. O bisonho-cinegrafista, certamente tinha virado uma estátua.
Fez-se um silêncio de terror. Até que...
– Desculpem pelo susto! – Um homem retirou a mascara horripilantes e sorriu cortes. – Estamos indo para uma festa a fantasia em Hanover. Carona?
Ouvimos o estrondo em sincronia com a imagem do céu. Percebia-se que o imbecil do Emmett havia desmaiado.
XXX
CENA 10 – BEBENDO COM A MORTE E CIA
A visão de nós, amontoados com os festeiros fantasiados dentro do Furgão, surgiu meio borrada. Depois, um novo cinegrafista focalizou um barril de cerveja com Emmett ao lado dele, segurando uma caneca cheia.
– Essa música é a melhor! – Berrou o motorista, aumentando o volume do som.
A introdução tocou e a primeira pessoa a tentar se levantar, totalmente embriagada, fui eu.
– EU ADORO ESSA MÚSICA!
Ridícula, fiquei balançando o corpo ao som de Paradise City do Guns N’ Roses. A morte e Cia incentivaram, aplaudindo, até que o carro deu uma freada brusca, fazendo-me cair com uma caneca de um litro em cima de Edward, sentado junto à mim. A bebida não só lhe molhou, mas também a Emmett, que achou o máximo.
Assisti-me nos braços do Cullen que, ao invés de ficar chateado por sua roupa estar encharcada, beijou-me ferozmente. As risadas dos outros no veículo, tornaram a cena tosca, mas, com certeza, para nós, o momento deve ter sido diferente, pois parecíamos muito envolvidos.
XXX
CENA 11 – O QUARTO
As risadas altas tornavam as imagens do meu quarto, assustadoras. Adentrávamos o local, parecia que acabávamos de chegar. A imagem ficou focada apenas no teto.
– Droga! – Resmungou Edward, como se tivesse tropeçado.
– Near, far, wherever you are... – Emmett cantou e o ronco veio logo a seguir.
– Essa noite foi demaiiiissssss! – Falei entre soluços.
– HU!...HOHOHOHOHOHOH!
– Onde estamos? – Perguntei.
A câmera continuava ligada, filmando apenas as estrelas do meu teto.
– Alguém vivo aí? – Insisti.
Silêncio absoluto, depois, muitos roncos.
FIM
É difícil de acreditar, mas os créditos começaram a subir na tela.
O ROMANCE DO POÇO
Créditos:
Direção: Emmett Cullen.
Edição: Um estudante da Informática (sob ameaças do cinegrafista).
Participações especiais:
Samara Winizinha (Bella Swan)
Cabeçudo (Edward Cullen)
Sem Pregas (Marius)
Mulher do Spray
Garotinha sem noção
Bunda misteriosa atingida
Morte e Cia (Bebuns da Estrada)
Patrocínio:
Grife BEM DOIDA
Funerária Esperando Por Você
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PARA MASCOTE DE DARTMOUHT 2009
NÃO ESQUEÇA!
VOTE ANIMAL, VOTE RADICAL, VOTE DIREITINHO, VOTE NO TOICINHO!
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O vídeo encerrou e, mesmo assim, eu e o homem petrificado ao meu lado continuamos com os olhos fixos no monitor, calados, por cerca de um minuto.
– Não podem ser nós! – Edward declarou, nervoso.
Ouvimos risadas ecoando na biblioteca. Duas garotas, há uns dez metros de distância, viam algo no computador. Uma delas olhou para mim e voltou a gargalhar.
Eu estava em estado de choque, minhas reações eram limitadas e sutis. Só que, por dentro, explodia em raiva e vergonha.
– Será que muita gente viu isso? – Perguntei em um fio de voz.
– Imagina! – Fechou o monitor.
Ao sairmos do prédio, um silêncio desconcertante formou uma barreira entre nós. Se ele estivesse se sentindo como eu, o que era bem provável, devia estar sem saber o que dizer sobre o beijo que assistimos, em um estado de quase transe.
Um rapaz passou por nós e disse, fingindo um espirro:
– Romance do poço!
Enquanto o cara se afastava rindo, despertei do estado de choque e, finalmente, reagi. Saí correndo o mais rápido que podia.
– BELLA! – O cabeçudo me chamou, vindo atrás de mim.
– VOU MATAR SEU IRMÃO! – Avisei, com a ira atingindo o ponto mais alto.
– ESPERE!
Eu já sabia onde o imbecil do serial killer estava: no campo!
Corri por cerca de cinco minutos com Edward em meu encalço. Meus olhos se estreitaram ao ver Emmett no campo, acompanhado por seus colegas de time. Ele também me viu e sorriu, presunçoso.
– Ei, não pode entrar aqui! – Falou o treinador, altivo.
Ignorei e parti para cima do pior e mais retardado cunhado do mundo, metendo-me no meio da formação de ataque. O time continuou jogando, enquanto eu caçava minha vítima.
MATAR! MATAR! MATAR! MATAR!
Não pensava em mais nada, pois sabia que nunca mais ia me livrar das chacotas por causa daquele vídeo.
– CALMA, SAMARA! – Disse ele, enquanto fugia de mim.
Não importava o quanto o otário corresse, eu não iria parar. Vi a bola de futebol americano passar por cima da minha cabeça e, em reflexo, a peguei. Por alguma razão, os caras do time passaram a correr atrás de mim também, mas não tirei os olhos do alvo. Rosnei para o futuro defunto que se amedrontou. Um grandalhão jogou-se contra mim e desviei facilmente.
– Vai, Bella, vai! – Edward, fora do campo, tentava acompanhar meu ritmo, sinalizando para que eu continuasse e indicando um local à frente. Não entendi merda nenhuma!
Só queria pôr minhas mãos em Emmett, que continuava disparado e ninguém sabia se ele chorava ou se ria.
No momento em que atravessei uma linha branca, quase no final do campo, todos gritaram:
– Touchdown!
Não me deixei distrair por aquilo, lembrei da bola em minha mão e lancei com força contra o indivíduo à minha frente, sem capacete. A bola, milagrosamente, atingiu a cabeça do bisonhento, o qual tombou no chão.
Ri exausta. Olhei para trás e todo o time ofegava, mais cansados do que eu.
– O que foi?
Edward chegou quase se arrastando e disse:
– É melhor irmos lavar os cabelos antes que te convençam a entrar pro time! – Zombou.
Emmett estrebuchou um pouco e gemeu algo incompreensível.
Edward´s POV
Após a aula, fui ao prédio de Jake. Apertei a campainha do flat várias vezes. Assim que abriu a porta, fui logo dizendo:
– Onde estão as motos?
– Bom dia pra você também, cara! – Ironizou, com o rosto inchado e sonolento.
Passei por ele, adentrando o flat.
– Anda, Jake, vamos logo devolver aquelas porcarias.
– Devolver? – Riu batendo a porta.
Olhei pro sofá, pensei em sentar e resolver tudo pacificamente, mas estava tenso demais para isso. Já meu companheiro de racha, aparentava muita tranquilidade enquanto se espreguiçava.
As malas no canto da sala me chamaram a atenção. Era muita bagagem pra uma pessoa só.
– Quem está aqui? – Indaguei curioso.
– Os caras vieram da Europa para me ajudar na paradinha das motos. – Seu semblante se encheu de satisfação.
– Prefiro não saber os detalhes do seu vacilo, só quero tirar Vincent do meu pé. – Fechei os olhos, contendo-me.
– Relaxa, Edward! Quer uma cerveja?
– Porra, Jake, não enrola! Vamos devolver as latas-velhas!
Ele suspirou. Depois, disse:
– Vendi! – Apontou para uma bolsa separada das demais.
– Você o que? – Pus as mãos na cabeça, beirando o desespero.
– O que acha que fui fazer em Los Angeles?
Minhas pernas fraquejaram e precisei sentar-me. A ameaça de Carter logo passou pela minha cabeça. Não estava preocupado comigo, e sim, com o resto da minha família que nada tinha a ver com aquilo. Pessoas que, talvez, eu não pudesse proteger.
– Por que o drama? – Jacob notou minha aflição.
– Cara, você é um idiota! – Esbravejei. – Vincent me mandou um bilhete ameaçando não só a mim, mas também, a meus irmãos e às meninas. Ele acha que somos uma gangue.
Black gargalhou alto e aquilo foi a gota d’água pra mim. Levantei-me, querendo socá-lo.
– Fica na sua, Edward. O playboy é cão que ladra, mas não morde. No final de semana, vamos organizar um racha e o imbecil não vai ter nem coragem de se meter.
– Merda! – Chutei a mesinha de centro. – Você não conhece o Vincent, ele não vai deixar barato, vai infernizar nossas vidas... ou melhor, é capaz de acabar com elas!
– Quando te conheci, tu era homem. O que é agora? Um frangote covarde? – Jake irritou-se.
O encarei com meu olho esquerdo tremendo, tamanha era minha raiva. Então, percebi o que meu ex-amigo estava querendo fazer.
– É isso, não é? Está se vingando de mim?
– Do que está falando?
– Da Itália. Está se vingando de mim por causa da Bella! Por causa da competição idiota que acha que disputamos!
Ele riu sem humor.
– Fala sério! Isso não tem nada a ver. Já que vou ficar por aqui, estou conquistando meu território. Além disso, essa cidadezinha merecia um pouco de agitação.
Não acreditei. Voei pra cima dele, o empurrando com força. Jake cambaleou, mas não perdeu o controle como eu.
– Não estou a fim de sair no braço essa hora da manhã. – Bocejou. – Nem tomei café ainda.
– Droga, Jacob. Eu confiei em você e me traiu, veio da Itália só pra me ferrar! Esqueça a Bella.
– Não estou aqui por causa dela!
– Não? Então me fala, qual a sua? Por que está sendo tão filho-da-mãe comigo? – Zombei, expressando a raiva que fervilhava em mim.
– Já disse, território e diversão. – Cruzou os braços, sério.
– Por que se dar ao trabalho de peitar o Vincent? Logo você vai embora, essa cidade não é pra você. Nem gosta de cidades pequenas! – Enxuguei o suor da testa. – Nossa parceria está desfeita, vamos pegar as motos de volta e poderá ir embora. – Informei com convicção.
– Mesmo que não seja mais meu parceiro, ficarei. – Declarou, determinado.
Estreitei os olhos, sem conseguir deixar de pensar que ele estava se vingando. Me senti traído, pois sempre confiei muito nele, afinal, Jake era meu melhor amigo. Crescemos juntos.
Encaramos-nos a ponto de explodirmos em uma briga que, com certeza, deixaria muitas cicatrizes exteriores e interiores. Minhas mãos tremeram quando lhe disse:
– Irá embora.
– Não! – Respondeu com frieza. – Tenho meus motivos para ficar.
Eu não conseguia imaginar o que prenderia um nômade como ele em Hanover, que não fosse uma conquista. E quando falo em conquista, não me refiro à rachas, pois Black já tinha vencido muitos e, competir contra Vincent, era simplório demais. Óbvio que eu só podia pensar em algo que nem eu, nem ele tínhamos: Bella.
– Não vou mais competir com você. – Falei, cerrando o punho. – Muito menos por causa de mulher.
– Não quero a sua mulher. – Disse com a voz grave.
– O que quer?
– A do seu irmão.
ALICE? A revelação me deixou tão confuso que quase toda a minha raiva se dissipou, enquanto o fitava, perplexo.
– Diz para mim que você está brincando! – Pedi, não conseguindo raciocinar direito.
Jake suspirou e se aproximou, hesitante.
– Eu sei que parece loucura e errado, mas... não posso evitar, cara, estou apaixonado por Alice.
– Você? Apaixonado? – Retruquei incrédulo.
– Por que não? Olha, não sou bom com essas coisas... e por isso, não sei como explicar. Só sei que a baixinha está em cada pensamento meu, ela mexe tanto comigo que, quando não está por perto, me sinto sufocado. Não planejei nada disso, nos aproximamos devagar, almoçávamos juntos todos os dias. Passávamos horas conversando e rindo... – Jake esfregou o rosto. – ...ela me faz sentir tão bem.
– Por favor! Alice não é como as garotas que costuma pegar.
– Eu sei! Eu sei! – O vi lutar para achar palavras e não conseguia me lembrar quando foi a última vez que o vi daquele jeito. – Não vou magoá-la, posso ser bom para ela.
Não consegui pensar nele ou em Alice, somente em Jasper.
– Esqueça a garota, ela é comprometida, sabe disso. Além do mais, ela não está interessada em você.
– É aí que você se engana! – Ergueu a cabeça. Enruguei o cenho, outra vez, aturdido.
– Você e ela estão...?
– Não! – Respondeu de imediato. – Não temos nada ainda... só amizade, mas não sou idiota, Edward. Sei que ela também está balançada por mim. Consciente ou inconscientemente, Alice anda se afastando de Jasper, passando mais tempo comigo do que com ele. Somos tão... tão... perfeitos juntos! Mesmo diferentes, é como se nos...
– Encaixássemos. – Completei, revirando os olhos. Eu bem sabia como era se sentir daquele jeito. – Não faça isso. – Pedi brandamente. – Só magoará as pessoas envolvidas. Por favor, Jake, esqueça essa história, em nome do que resta de nossa amizade. – outra vez, só pensava em Jazz.
– Não posso! – Soltou as palavras em um visível sofrimento.
– Pode! – Insisti, sabendo que ele era forte.
– Quando impediu que Bella fosse para Paris comigo, não pensou no sofrimento dos envolvidos. Apenas agiu porque precisava dela... – Jacob pôs uma mão no meu ombro. – ...Alice me contou e agora, eu o entendo. Por favor, não seja hipócrita me dizendo para desistir de quem amo.
Retorci o rosto em amargura, pois não consegui arranjar argumentos.
– Ela é a primeira namorada de Jasper. – Murmurei simplesmente.
– Viu como é injusto? Ele provavelmente nem sabe se gosta de verdade dela, pois nunca esteve com outras para comparar. Já eu... estou há muito tempo nessa vida errante, à espera de alguém que...
– Chega! – Me afastei, lutando para não me identificar com Jacob, pois ficaria do lado de Jasper. Já estava decidido, embora soubesse que as palavras do meu amigo eram sinceras e as compreendia melhor que qualquer um. – Não quero mais falar disso.
Sentei-me, sendo confrontado por um dilema. Deveria eu contar tudo aquilo ao meu irmão? Preveni-lo? Tomar-lhe as dores? Apoiar Jake, que sempre fora incompleto como eu? Ou... não me meter? Droga! Era melhor eu ficar de fora. O pensamento de quase alívio foi bombardeado por uma imagem mental de meu irmão mais novo, me acusando de trair-lhe por não lhe alertar.
– Merda, Jake! – Murmurei, tapando o rosto com as mãos.
– Escuta... – Ele sentou-se ao meu lado. – Vou resolver o assunto das motos. Nem você ou sua família serão prejudicados... assim como eu não quero que a minha seja.
Deu-me um tapa nas costas e sabia que ele estava me dizendo que eu era parte de sua família. Era uma pena Black só ter a mim, o pai, que mal mantinha contato e os motoqueiros que trabalhavam para ele. Isso me fez sentir mal por ter escolhido Jasper, mas não fui capaz de voltar atrás em minha decisão.
– A minha galera está na cidade. Vincent e sua corja de filhinhos de papai não são páreos para nós! – Riu.
O encarei, reprovando. Claro que eu não ia ficar de fora. Meu amigo era impulsivo e arrogante demais, claramente subestimava Carter.
– Recupere as motos que eu vou tentar estender o prazo. – Ordenei.
Era capaz mesmo de Jake e os motoqueiros intimidarem Vincent. O problema é que o cara ia infernizar minha vida nos próximos anos. E tudo o que eu precisava era de tranqüilidade até me formar, pois meus problemas familiares e sentimentais já me esgotavam o suficiente.
Bella´s POV
– QUEM VAI LIMPAR ISSO? – Gritou o suposto maconheiro, enquanto apontava para as paredes de seu apartamento, as quais estavam cheias de marcas de patas de porco nas mais diversas cores, misturadas com as marcas das pequenas palmas infantis.
– Por que está olhando para mim? – Resmunguei.
– Relaxa, Jazz, todos nós vamos ajudar na limpeza. – Interveio a fofolete.
Ergui uma sobrancelha, encarando-a como quem pergunta: Nós quem, cara pálida?
– O Toicinho não teve culpa. – O idiota do Emmett abraçou seu porco fantasiado de skatista, com um gorro verde e camiseta detonada. Para mim, parecia mais um trombadinha.
– A culpa é dessa... – Jasper tremeu o lábio inferior, irritado.
– Dessa quem, lombrigão? – Nessie peitou o maluco. – E você, seu burro... – Olhou para o serial killer. – ...é lógico que o Toicinho estava no comando da parada! Quem você acha que deixou aquelas marcas revolucionárias?
– Revolu... o que? – Emmett grunhiu sem entender. – Pode ter sido qualquer porco. – Quase choramingando.
– E por que ele está com as patas sujas de tinta? – Jasper questionou por entre os dentes, alterado.
– Bem... é a moda das ruas. Ele gosta de inovar! – O bisonho sorriu, achando-se esperto. O maníaco por limpeza rosnou, quase voando no pescoço do irmão.
No momento em que Edward chegou em casa, seus irmãos e Nessie tagarelaram juntos, queixando-se à ele, em uma mistura de vozes que nem mesmo eu fui capaz de entender. O Cullen olhou para as paredes e passou por eles, indo direto para seu quarto. Então, bateu a porta, trancando-se lá e deixando todos nós confusos.
– O que deu nele? – Alice expressou o que pensávamos.
Não era típico de Edward ignorar as pessoas ou os problemas. Algo estava muito errado com ele.
– Vou à biblioteca de Dartmouth. Quando voltar, é bom esse... – O maníaco por limpeza trincou os dentes. – ...ai... é bom o apartamento está desinfetado!
Pouco tempo depois, todos foram jantar em um restaurante próximo, onde encontrariam Marius e Rosalie. Recusei o convite, alegando ter outro compromisso. Ao ficar sozinha, meus olhos fixaram-se na porta do quarto do meu Cullen. Queria saber se ele estava bem, mas não sabia como perguntar.
Ok, Bella, não é difícil. Você precisa de apenas três palavras: está – tudo – bem?
Respirei fundo e fui até o quarto. Hesitei diante da porta. Fiz um grande esforço para destravar a voz na garganta.
– Está tudo bem? – Pronunciei alto. Não houve resposta. Repeti a pergunta por mais duas vezes e nada.
A recusa dele em se comunicar me deixou inquieta e atormentada. Bati forte contra a madeira e ouvi apenas o eco do som no apartamento.
– Edward, ok. Acabou a brincadeira. Abre essa porta! – Disse-lhe, alterada. – Se não abrir, vou arrombar, hein? – Esperei alguns segundos em vão e ele parecia nem estar lá dentro. – VOCÊ QUEM PEDIU! – comuniquei, afastando-me para ter o impulso suficiente.
Analisei o obstáculo e vi que eu ia literalmente quebrar a cara, mas podia ser que, com o estrondo, o Cullen se assustasse e abrisse a maldita porta.
CORAGEM! CORAGEM!
Pedi a mim mesma, preparando-me para correr e me estatelar contra a madeira.
– Pronto ou não, lá vou eu! – E fui mesmo. Corri sabendo que ia ser doloroso.
Neste exato momento, Edward abriu a porta, mas fui incapaz de parar. Pude ver a expressão surpresa dele antes do choque de nossos corpos que, inevitavelmente, foram ao chão.
Ele ficou com a pior parte, já que seu corpo amorteceu minha queda.
– Você abriu! – Exclamei feliz, mas com uma tremenda dor no tórax.
O vi abrir a boca para responder, no entanto, de lá, apenas saiu um gemido rouco e doloroso.
– Opa... – Sorri sem jeito, saindo de cima dele. – Que fiquei bem claro que avisei.
Estendi-lhe a mão e fui rejeitada, pois ele levantou-se rudemente. Edward estava com cara de poucos amigos, era melhor guardar as piadinhas para mim mesma.
Ele voltou a deitar-se na cama como se eu não estivesse ali, ou fosse um objeto a mais na decoração. Fitei timidamente a saída, na dúvida se deveria permanecer ali.
Não podia fugir da situação só porque ele estava me ignorando. Só sairia daquele apartamento, depois de saber o que causara a estranha mudança em seu humor. De mansinho, juntei-me à ele na cama, sentando na ponta e mantendo o máximo de distância possível. O observei respirar fundo com a face afundada no travesseiro.
Droga, eu não era boa com diálogos e sutileza, com certeza, não era uma de minhas qualidades, mas precisava tentar.
Limpei a garganta antes de começar:
Três palavras! Lembrei.
– Está tudo bem? – Sussurrei, brincando com o anel em meu dedo. Depois, impaciente, vociferei. – Caramba, desembucha logo, EDZINHU! Não tenho a noite toda!
Ele ergueu a cabeça, olhou-me com o cenho franzido e falou:
– Está tudo bem. Vá embora, Bella. Deixe-me só!
A princípio, senti raiva, depois, confusão e, por fim, uma súbita paciência, possibilitando-me permanecer ali. Senti que o estava abordando de forma errada, então, silenciei-me enquanto articulava um jeito de convencê-lo a se abrir comigo. Definitivamente, conversas complexas não eram o meu forte.
Olhei para o homem jogado na cama e desisti de tentar entender o que se passava. Levantei e atravessei a porta, disposta a esquecer as questões que martelavam em minha cabeça.
Ao chegar à sala, me contraí com a dor em meu peito.
Covarde!
Minha consciência me acusou sem piedade.
Até quando eu fugiria? Eu não sabia conversar ou confrontar problemas sem uma ação explosiva, mas talvez estivesse chegando a hora de aprender.
Girei o corpo e voltei para o quarto em passos firmes e determinados. Encontrei o Cullen na mesma posição que há pouco havia deixado. Sentei-me no mesmo lugar de antes e ele continuou fingindo que eu não estava lá.
Inspirei e expirei, depois balbuciei:
– Não sei como fazer isso. Então, me ajude, por favor.
Minhas palavras chamaram a atenção dele, que ergueu a cabeça. Percebi um certo choque atravessar seu olhar. Nesse momento, ele devia estar se perguntando por que eu estava sendo tão cortês.
Aproveitei meu momento audacioso e falei.
– Sei que algo aconteceu, gostaria muito que me contasse.
O Cullen sentou-se, estudando as expressões em meu rosto.
– Só estou com muitos problemas. – Suspirou, baixando a cabeça.
– Ei, de problemas eu entendo, certo? – Minha voz permaneceu leve e amigável. – Eu sou problemática, esqueceu?
– Não! – Murmurou.
Diminuí a distância entre nós, ficando ao seu lado.
– Conte-me. – Pedi séria.
– Estou cansado... – Fez uma longa pausa e esperei. – ...cansado de me preocupar tanto. Existem tantas coisas que quero resolver, tantas pessoas que preciso ajudar. Por vezes, sinto que não consigo ajudar nem a mim mesmo. Fico tentando organizar minha vida e meus afazeres em pequenos arquivos mentais, só que na maior parte do tempo, tudo está fora de controle. – Passou as mãos pelo cabelo e notei que elas tremiam levemente. – Existem bombas que estão prestes a explodir diante de mim e não posso evitar. Queria, mas não posso... – Fitou-me receoso e algo dentro de mim alertou que não se referia só ao roubo das motos. Era algo sobre mim, eu tinha certeza! O telefonema misterioso que atendeu no banheiro um dia atrás tinha a ver com isso? Edward desviou o olhar ao notar que percebi mais em sua declaração do que ele desejava.
– Bombas prestes a explodir?
– Só problemas, Bella... – Balançou a cabeça. – ...vindos de todas as direções. É impossível ter paz!
– Conte-me. – Insisti, tentando manter a calma.
– Logo saberá! – Riu sem humor.
– E... – Toquei-lhe a mão esquerda. – ...isso nos afetará muito? – Me referi à família, porém, Edward pareceu entender diferente.
– Algumas coisas não... eu acho... mas não deixo de ter certas responsabilidades com isso. Outras... afetarão muito!
Perdi a voz por alguns segundos. Nem adiantava insistir, sabia que ele não me daria os detalhes. Talvez conseguisse descobrir sozinha.
A mão esquerda dele voltou a tremer e isso me fez perder a linha de raciocínio. O estresse e preocupações prejudicavam a saúde dele, confesso que me apavorei.
– Você não está bem. Vamos a um hospital.
– Não! Só estou muito tenso, vai passar!
O observei cabisbaixo e exausto. E foi nesse momento que senti um impulso quase incontrolável de confortá-lo. Meus dedos quase tocaram sua bochecha, mas os recolhi covardemente.
Não ia me conformar em vê-lo tão mal!
Me coloquei de pé e falei:
– Já sei do que você precisa!
Ele ergueu as sobrancelhas, sem entender.
– Precisa relaxar, ter uma noite normal, esquecer um pouco os problemas! Anda, vai tomar um banho quente... – Apontei para o banheiro, autoritária.
– Eu não...
– Vai, Edward! – Interrompi séria.
Ele caminhou desanimado em direção ao banheiro, até que eu disse sorrindo.
– Vou dar um jeito no jantar.
O Cullen virou-se para mim.
– Vai cozinhar?
– Tenho meus truques. – Ri baixinho.
Edward´s POV
O banho demorado realmente ajudou, mas, minha cabeça ainda parecia que ia explodir a qualquer momento. Passei a tarde tentando contatar Vincent e não o encontrei, nem mesmo Lucy. Isso me deixou apreensivo. Tomei uma aspirina e fui atrás da pirralha no apartamento das garotas.
Entrei sem bater e, como não a vi na sala, chamei em voz alta:
– Bella, está aí?
– Estou na cozinha, venha!
Caminhei até lá e estagnei na entrada do cômodo.
– O que é isso? – Apontei em direção à mesa cuidadosamente posta para duas pessoas.
– É o seu jantar! – Puxou-me pela mão.
– Pizza? – Ri, olhando para o frango com catupiry no centro mesa.
– Pensei que gostasse de frango... – Ironizou.
Ainda surpreso, sentei-me, enquanto ela enfiava o guardanapo na gola da minha camiseta como se eu fosse uma criança. Não precisava de um babador. Não contrariei, não quis desanimá-la.
Meu frango ficou na cadeira à minha frente. Observei-a me servir como se fosse a coisa mais normal do mundo. Acreditem, não era! Nunca tínhamos feito aquilo antes.
– Coma tudo! – Sorriu timidamente.
Não queria comer. Mesmo assim, o fiz e só aí percebi o quão faminto estava.
Bella´s POV
Fiquei muito satisfeita em vê-lo comer. Distraí-me de tal maneira que mal toquei no meu pedaço.
– Está muito bom. – Comentou com seu típico sorriso torto.
Quase suspirei.
– É melhor gostar mesmo, porque gastei meus últimos 20 dólares! – Dei-lhe uma piscadela.
– Oh... desculpe! – Tentou se levantar para puxar a carteira do bolso. O impedi imediatamente.
– Não faça isso! É importante para mim! – Pedi com tamanha seriedade que ele foi obrigado a assentir.
– Nenhum emprego ainda?
– Não! – Torci a boca, tristemente. – Tem um lance aí de tocar guitarra na noite, mas...
– Mas?
– Não é pra mim!
– Por que?
– Música Country não é minha praia! Não conseguiria! – Dei de ombros.
– Lógico que consegue!
– Está enganado!
– Onde é? – Pareceu-me muitíssimo interessado.
– Naquele bar onde teve a calourada. – Mal sabia ele que eu tinha planejado ir lá aquela noite. Estaria perdendo a minha chance? Afastei o pensamento.
Certamente, há essa altura, a vaga já devia ter sido preenchida. Procurei não demonstrar minha preocupação.
– Conheço algumas pessoas lá. Talvez...
– Não! – Interrompi.
– Poxa, Bella, se você se esforçar, eu sei que consegue tocar qualquer coisa.
– Esqueça, ok?! Não vamos falar de problemas essa noite. – Tentei mudar de assunto.
– Eu só acho que... – Enfiei um pedaço de pizza na boca dele, o impedindo de continuar.
Após o jantar, fomos ao terraço. Meu local favorito no prédio. Estava um pouco frio. Caminhamos lentamente pelo terraço, observando a paisagem. O vento soprou fazendo meus cabelos chicotearem em minha face, cegando-me. Tentei tirar as mechas do rosto e o Cullen me ajudou. Paramos no meio do terraço. Edward, por algum motivo, manteve as mãos em meu rosto, aquecendo-me as têmporas.
Podia me ver em seus olhos. Esperei que ele se manifestasse.
– Obrigado. – Seus lábios se moveram em um meio-sorriso.
– Ah, foi só pizza. – Dei de ombros.
– Você sabe do que estou falando. Sei que é difícil para você er... ser paciente e compreensiva.
– Não, nem um pouco! – Brinquei. Hesitei por um momento antes de dizer: – Não pode carregar o mundo nas costas, nem tudo pode resolver sozinho.
– Eu sei! Às vezes, não consigo evitar.
– O fardo está pesado, não é? – Franzi o cenho, procurando entender-lhe.
– Sim. – Sibilou melancólico.
Uma gota de chuva tocou meu rosto, avisando que torrentes cairiam em breve. Edward enxugou minha bochecha com o dedão.
– Eu... não... é que... – Não consegui formular a frase. – ...eu quero... – Lutei, liberando a declaração sincera. – Conta comigo! – me contraí e continuei. – Sei que sou uma pessoa difícil, mas estou aqui! Posso te ajudar... se quiser.
Sua expressão obscura e penosa foi tornando-se brilhante, conforme seu sorriso emergia de seus traços perfeitos. Havia ali, um triunfo secreto que consolou meu coração aflito. Sorri por vê-lo feliz.
– Você está tão mudada!
– É que... – Baixei a cabeça. – De uns tempos para cá, notei que a vida não é exatamente como eu imaginava. Alguma coisa mudou aqui dentro. – Coloquei uma mão sobre meu peito. – Às vezes... – Minha voz tremeu. – ...tenho medo de não conseguir acompanhar as mudanças.
Suspiramos em sincronia.
– Conseguirá! – Garantiu, erguendo meu rosto com os dedos. – Conseguirá! – Repetiu, fitando-me com uma certeza quase tangível. Ele, de certa forma, alimentou minha confiança e naquele instante, pude acreditar que eu era capaz.
– Conseguirei! – Assenti.
Sutis gotas de chuva tocaram a face do homem que virou meu mundo de cabeça para baixo. Ele não se moveu, limitando-se a me observar. Como estava frio demais para permanecer longe de seus braços, dei um passo à frente, colocando por terra a última barreira que nos separava no momento. Edward me acolheu gentilmente, por isso, afundei o rosto em seu pescoço, o qual exalava uma fragrância maravilhosa.
PAZ
Era isso que eu sentia. Pela forma como o corpo do Cullen relaxava contra o meu, notei que ele sentia o mesmo. Fechei os olhos, abandonando o mundo exterior ao me embriagar com a sensação cálida e viciante de um sentimento complexo demais para um ser racional entender completamente.
Suavemente, Edward afastou-se, porém, manteve as mãos em minha cintura.
– Bella, já te beijei várias vezes... – Surgia ali uma ameaça à minha paz? – ...mas em nenhuma delas, te pedi permissão. Faço isso agora. – Suspirou, nervoso. – Posso beijá-la?
A princípio, o pedido me deixou sem ação. Felizmente, reagi respondendo:
– Sempre pôde.
Sem máscaras ou intenções falsas, juntamos nossas bocas.
Seus lábios quentes encaixaram-se nos meus, liberando as emoções. Colei meu corpo ao dele o máximo que podia, o envolvendo em meus braços desejosos. Enfim, um ato consciente e com consentimento mútuo. Um progresso em meio ao caos de nossas vidas.
O sabor delicioso da boca dele era minha perdição e minha salvação. As mãos que pressionavam-me contra ele eram a prisão na qual eu nunca imaginei desejar ficar para sempre. Arrepios. Os mesmos arrepios que eu sentia desde nosso primeiro beijo se fizeram presentes. Uma prova tangível de que minha pele sempre o reconheceria como o ser de meus desejos mais profundos.
Não sentia mais frio. O calor produzido por nossos corpos, envoltos na paixão, foi suficiente para aquecer cada minúscula parte de mim. Isso só tornou mais impossível o fim do beijo.
Contra seus lábios, roguei:
– Faça amor comigo.
Edward me encarou lindamente, surpreso. Seu semblante era semelhante ao de um garotinho diante de um presente muito esperado.
Ele me agarrou com vivacidade, distribuindo beijos entre minha boca e meu pescoço. O frio em si ou a quase inexistente garoa não foram empecilhos, pois chamuscávamos.
Tiramos a roupa um do outro rapidamente, sedentos demais para raciocinar sobre as consequências. O Cullen encostou-me na parede, no local mais escuro do terraço, deslizando as mãos sobre a minha pele eriçada. Retribuí, mordiscando seu pescoço suavemente.
Nos tocamos com liberdade e intimidade já conquistada há algum tempo, só que pouco usada. Delirei com sua língua explorando meu corpo, fazendo-me gemer, pedindo por mais. Também provei de sua maciez e sabor, me entregando totalmente à natureza daquela união.
Foi com a voz trêmula e rouca de Edward em meu ouvido, que o permiti me ter completamente, se apossando do que era só dele. Mantive minhas pernas em sua volta, implorando mentalmente que o momento nunca acabasse. Em meio às investidas vigorosas dele, soube que nada seria capaz de impedir que nos amássemos, nem o clima, nem o passado ou o futuro. Simplesmente, era para acontecer, independente do que viesse a seguir, mesmo que o final não fosse o que eu esperava.
– Eu te quero tanto! – Murmurou em meu ouvido.
– Também te quero! – Confessei com os dedos envoltos em seus cabelos, obrigando-lhe a me encarar.
Os lábios dele devoraram os meus, enquanto gemíamos juntos em um tempo que não consegui medir. Talvez, o próprio tempo tivesse ficado alheio a nós, nos esquecendo em alguma fenda produzida por nosso desespero em ter um ao outro. Independente desse delírio romântico, fizemos amor tempo suficiente para partilharmos um prazer absurdo.
(...)
Era possível que eu estivesse sonhando. No entanto, ali estava ele, agarradinho a mim na cama, com minhas estrelas falsas e lindas como testemunha. No calor dos cobertores, permanecemos em silêncio, não ousando macular a paz e perfeição do momento. Os dedos dele desenhavam linhas invisíveis em minhas costas desnudas e eu mantive a cabeça repousada em seu peito quente e confortável.
Infelizmente, batidas na porta do sótão fizeram-me sobressaltar.
– BELLA, ABRA! – Reconheci a voz de Rosalie. – EDWARD ESTÁ AÍ? ABRA, É UMA EMERGÊNCIA!
– O QUE FOI? – Ele perguntou alto.
– LIGARAM DE DARTMOUTH... – Pausou, vacilando. – ...ENCONTRARAM JASPER FERIDO E INCONSCIENTE NO CAMPUS! É GRAVE!
Trocamos um olhar de pavor e descrença.
(Continua...)

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